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Com ancestralidade indígena, para a magistrada do Acre, o Poder Judiciário é uma instituição atuante na preservação das culturas tradicionais

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“O primeiro contato com indígenas do Acre foi em uma ação do Ministério Público, no Gregório, uma colocação próxima do município de Cruzeiro do Sul, nesse dia fiz o registro de nascimento tardio de um casal e fiz, também, o reconhecimento de união estável. No momento em que os dois precisavam assinar os documentos, não tinham quem pudesse segurar o neném, então a mãe confiou em deixar que eu segurasse a bebê, que se desmanchou em sorriso, um momento lindo, registrado em foto”, afirmou emocionada a juíza Ana Paula Saboya Lima. Para a magistrada, que possui ancestrais indígenas, a situação trouxe recordações da convivência com familiares, que herdaram os traços da beleza indígena da etnia Apinajé.

A experiência foi o estímulo necessário para abrir novas portas, oferecendo uma vivência intensa com outras diversas etnias ao atuar nas comarcas de Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá, Jordão, Santa Rosa do Purus, Manoel Urbano e Feijó. Em todos os casos, Saboya buscou levar o Poder Judiciário como instituição preservadora da cultura local.

“Estou no Acre há mais de sete anos e uma das melhores experiências que tive na minha vida, como juíza, foi exatamente estar próxima das comunidades indígenas. Em todas as Comarcas que atuei tive a grata oportunidade de atuar em favor dos indígenas, resguardando seus direitos e cobrando os seus deveres”, confirmou a magistrada.

Saboya explicou que teve o prazer de reavivar as próprias raízes, tendo acesso aos conhecimentos das culturas tradicionais da floresta amazônica.

“Acho eles lindos, a cultura me encanta, ao mesmo tempo em que resgato um pouco a minha origem, porque tenho sangue indígena. Minha família é do Norte de Tocantins, são os Apinajés. A convivência traz essa recordação afetiva dos familiares, o que me desperta uma alegria muito grande de estar perto deles, e a convicção de que todo o trabalho realizado pelo Poder Judiciário deve buscar a preservação dos direitos e, lógico, sem olvidar dos seus deveres. Uma atuação relevante, principalmente no Acre, que tem uma população indígena muito grande e muito carente, então é bom estar cada dia mais próximo da cultura local, conhecendo suas necessidades e sendo um instrumento do Poder Judiciário de garantia da continuidade da cultura tradicional”, detalhou a magistrada.

Atualmente, a juíza é titular da Vara Criminal da Comarca de Feijó, cidade que possui uma grande quantidade de aldeias indígenas. Com a experiência vivida, torna possível a tomada de decisões judiciais, respeitando as peculiaridades da cultura indígena.